Além de Bolsonaro, generais Augusto Heleno e Braga Netto estarão entre os indiciados pela PF no inquérito da tentativa de golpe | GZH
Passaram-se quase dois anos desde o quebra-quebra promovido no dia 8 de janeiro de 2023 por grupos convocados para ir a Brasília protestar contra o resultado da eleição presidencial. Como a coluna adiantou, o relatório final da investigação será finalmente apresentado hoje pela Polícia Federal e deverá indiciar cerca de 40 pessoas consideradas cabeças da tentativa de golpe. Entre elas estarão o ex-presidente Jair Bolsonaro, os generais Augusto Heleno e Braga Netto, o delegado Alexandre Ramagem, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
A investigação é resultado de dois anos de um trabalho minucioso, que recuperou mensagens apagadas de telefones celulares, cruzou dados, tomou depoimentos e fez as conexões com a delação premiada do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A investigação
Bolsonaro tem, desde 2023, se defendido das acusações de envolvimento na tentativa de golpe com o argumento de que no dia 8 de janeiro estava nos Estados Unidos, mais precisamente em Orlando, na Flórida, para onde viajou no dia 31 de dezembro de 2022.
A PF não se convenceu porque encontrou indícios de que as tentativas de impedir a posse do presidente Lula e que, tendo fracassado resultaram no 8 de janeiro, foram tramadas nos meses de novembro e dezembro. Pessoas muito próximas do ex-presidente estão envolvidas no plano chamado de Punhal Verde Amarelo, que consistia em matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes.
O golpe fracassou porque embora contasse com militares de diversas patentes, foi rejeitado pelos comandantes do Exército e da Aeronáutica e por outros generais e brigadeiros comprometidos com o cumprimento da Constituição. Dizer que não houve crime porque o golpe não ocorreu é uma falácia. O planejamento, que deixou rastros por todos os lados, está enquadrado no Código Penal.
É preciso que o sigilo seja derrubado assim que o relatório for entregue para que a população tenha todas as informações sobre o papel de cada indiciado na tentativa de virar a mesa e reverter o resultado da eleição. Pelo que já se sabe, houve um conluio entre políticos e militares que queriam criar tumulto para justificar a decretação de estado de sítio e, na prática, implantar uma ditadura.