El Niño: fenômeno se intensifica e persiste até primeiro semestre de 2024; entenda

O ano de 2023 foi marcado pelas altas temperaturas. No mês de novembro, o Brasil registrou a sua oitava onda de calor do ano. O El Niño começou no dia 8 de junho e, nos meses seguintes, o país registrou temperaturas acima da média, desde 1961.

— O verão começa no dia 22 de dezembro e, como é a estação mais quente, a tendência é do calor persistir até, no mínimo, janeiro de 2024. É claro que terão chuvas e, quando elas ocorrerem, há uma reduzida no abafamento — explica a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia Andrea Ramos.

O El Niño é geralmente associado ao aumento das temperaturas globais e a intensificação dos eventos climáticos. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) coloca que o fenômeno climático tem 62% de chances de persistir até junho de 2024, o que engloba o verão e o outono brasileiros.

— O El Niño vai provocar um calor que persiste na parte central do país, com irregularidades fortes de chuvas na região Sul e tempo seco e quente no Norte — detalha Andrea Ramos.

Fenômeno vai se intensificar

Um boletim de monitoramento do El Niño elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) mostrou que, desde junho, as condições de temperatura da superfície do mar mostram um padrão típico do fenômeno climático: uma faixa de águas quentes em grande parte do Pacífico equatorial que próximo a costa da América do Sul são superiores a 3°C.

Atualmente classificado como de intensidade forte, o El Niño gerou um maior volume de precipitação acumulada no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em outubro, as anomalias de precipitação foram superiores a 300 mm. Por outro lado, no Norte, houve déficits de precipitações, com influência direta do aquecimento anormal do Atlântico.

As previsões indicam a intensificação do fenômeno El Niño no Pacífico equatorial, com o pico de intensidade entre os meses de dezembro de 2023 e janeiro de 2024. O fenômeno deve continuar com intensidade forte nos próximos três meses e permanecer durante o primeiro semestre de 2024.

A previsão climática para o país no próximo trimestre indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal entre o centro e leste do Norte e praticamente toda a região Nordeste. No Sul, haverá maior probabilidade de chuva acima da faixa normal. Na faixa central do país, pancadas devem se intensificar em janeiro de 2024 e a previsão de temperatura indica maior probabilidade de valores acima da faixa normal na maior parte do país.

Secas no Norte e inundações

De setembro para outubro, o Monitor de Secas indicou o avanço da condição de seca no Norte e no Nordeste, com destaque para o surgimento de áreas de baixa extrema de umidade no Amazonas, Acre e Rondônia. Também houve a ampliação das áreas de seca fraca, moderada ou grave em praticamente todos os estados destas regiões.

“O rio Negro atingiu seu nível mínimo histórico de 12,65 m (cota média diária) no Porto de Manaus em 26 e 27 de outubro, quase 1 metro abaixo do recorde negativo anterior, de 13,63 m em 2010. As vazões naturais nas usinas hidrelétricas Serra da Mesa, Tucuruí e Belo Monte estão 83%, 57% e 59% abaixo da média para o mês, respectivamente, situação pior do que em outubro”, explica o relatório.

No Sul, os níveis d’água permaneceram ou atingiram novamente cotas de alerta e inundação em diversos pontos. Além de eventos extremos e concentrados, a precipitação constante levou o rio Uruguai a permanecer os últimos 30 dias em condição de inundação em várias cidades ribeirinhas.

*Estagiária sob supervisão de Daniel Biasetto.

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