Palmeiras-2024: a última versão de Abel Ferreira no Brasil

Ao dizer que iria decidir com o coração e com a cabeça, Abel Ferreira indicou que não deixaria o Palmeiras. Um dia depois, em reunião com Leila Pereira, reforçou seu compromisso com o clube até dezembro, quando se dará o fim de seu contrato.

Mas, apesar do começo de trabalho assegurado em 2024, admito que tenho minhas dúvidas em razão da temida janela europeia de meio do ano, que pode trazer alguma oportunidade capaz de tentá-lo. E isso depende do (in)sucesso de alguns clubes do primeiro escalão do Velho Continente até junho.

Sim, é isso mesmo. Abel não sairia inicialmente para clubes de segunda prateleira da Europa. Seu trabalho no Brasil reverbera do outro lado do Atlântico. Ele está valorizado e almeja um dos pratos principais, o que pode ser entendido como o mercado inglês, espanhol ou alemão. Embora o italiano também não seja visto com maus olhos pelo treinador.

Sendo assim, nada que uma conversa franca em junho/julho não possa mudar o cenário atual. Afinal, o agradecido Palmeiras não entenderia o sonho de Abel poucos meses antes do fim do vínculo? Continuidade não seria o problema.

O português defende, em alinhamento com o clube, uma metodologia de trabalho bem definida. E que, segundo ele, seguirá no clube, por não se restringir ao profissional. Raízes foram criadas nestes últimos três anos.

A atual proposta de renovação por três anos, mais aumento salarial e pagamento de bonificação, repete a oferecida a Abel (e aceita por ele) no começo de 2022. Dessa vez, as tratativas com Leila estão descartadas. O treinador, multicampeão pelo clube, cita desgaste mental. Mas também tem lá suas ambições. E que, por sua vez, são legítimas.

O desafio de se consagrar no Velho Continente é, sim, o seu grande objetivo. Muito mais do que assumir, por exemplo, uma Seleção Brasileira. Ainda mais em tempos de crise agravada na CBF. Prova disso é que a sondagem do Al-Sadd, do Qatar, que queria lhe tornar o treinador mais bem pago do mundo, não deu em nada.

Com três títulos em cinco competições disputadas, Abel participa ativamente do planejamento para a próxima temporada. A exemplo dos anos anteriores, entregou um relatório elaborado ao lado de sua comissão técnica com um balancete sobre 2023.

Durante premiação da ESPN, em que foi agraciado como melhor técnico do Brasileirão, Abel reiterou ser um profissional que cumpre palavra. Ou melhor, contratos. Contudo, também sempre fez ressalvas ao apontar que não sabia se ainda havia energia em estoque para seguir seu trabalho e motivar os atletas por mais uma temporada. Além disso, enfatizou que dar atenção à família seria sua nova prioridade, embora suas duas filhas e mulher morem com ele em São Paulo desde julho do ano passado.

Os discursos recentes do treinador, porém, dão margem para um raciocínio preocupante. Em diversas ocasiões, declarou estar desgastado após três anos à frente do Verdão e incomodado com os problemas recorrentes do futebol brasileiro. A saber, segundo o português, a quantidade de jogos com intervalo mínimos, os erros de arbitragem, as longas viagens e os gramados em mau estado de conservação.

Abel, mesmo direto, não é um personagem tão fácil assim de ser entendido. Entende que ganhar títulos em larga escala é uma tarefa árdua pela grande energia empenhada. Ele mesmo afirmou ser uma de suas funções cuidar e motivar os outros. Mas quem irá motivá-lo? E isso, segundo ele, nada tem a ver com dinheiro.

Considerado por muitos (inclusive por Luiz Felipe Scolari) como o maior treinador da história do clube, Abel Ferreira soma nove conquistas (duas Libertadores, dois Brasileiros, dois Paulistas, uma Copa do Brasil, uma Supercopa do Brasil e uma Recopa Sul-Americana). Assim, o português aparece na lista como o segundo maior campeão pelo Palmeiras. Está atrás somente de Oswaldo Brandão, que alcançou dez troféus.

Sua continuidade, portanto, também implica em alcançar essa meta. E não há por que negar. Enquanto isso, o Palmeiras se movimenta no mercado para dar mais opções a Abel, uma de suas reivindicações em 2023. O argentino Aníbal Moreno, volante que veio do Racing, já foi anunciado. Mais quatro ou cinco reforços pontuais chegarão para fortalecer o elenco, que terá pela frente a Supercopa, o Paulistão, a Copa do Brasil, a Libertadores e o Brasileirão.

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