Desastre em Maceió: Veja antes e depois de região onde houve rompimento de mina da Braskem

Imagens aéreas feitas antes e depois do rompimento de parte da mina 18 de sal-gema da Braskem, neste domingo, em Maceió mostram alterações na cor e no nível da água. O rompimento ocorreu após dias de alerta de risco de colapso, que já havia motivado a evacuação emergencial dos bairros Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro, Mutange e Farol, com aproximadamente 5 mil famílias sendo obrigadas a deixar suas casas. Defesa Civil do município frisou não haver “qualquer risco” para a população.

O que é o sal-gema?

O sal-gema é matéria-prima versátil, usado na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e bicarbonato de sódio e na composição de produtos farmacêuticos, nas indústrias de papel, celulose e vidro, e em produtos de higiene, como sabão, detergente e pasta de dente. É usado também no tratamento da água.

Infográficos: entenda como se deu o afundamento

Usado na indústria química na fabricação de PVC, o sal-gema é extraído do subsolo através de perfurações que podem atingir mais de mil metros, nível no qual o material pode ser encontrado. Escavados os buracos, são injetados neles água. Ao atingir o sal-gema, cria-se uma mistura, como um salmoura.

A pressão da água injetada força a salmoura a subir, possibilitando a extração do sal-gema na superfície. Após o sal ser extraído, os poços são preenchidos com uma solução líquida para manter a estabilidade do solo. A Braskem informou também ter preenchido parte de seus poços com areia.

Estudos apontam que, no caso das minas de Maceió, a presença de falhas geológico podem ter levado ao vazamento do líquido e à despressurização dos poços, que começaram a ceder. Com isso, o solo perdeu estabilidade e se deu início ao processo de afundamento.

O que aconteceu com a Braskem?

A operação da Braskem em Maceió passou a enfrentar problemas a partir de fevereiro de 2018, quando a capital alagoana registrou fortes chuvas e um tremor de terra, sentido principalmente no bairro do Pinheiro. Após esse evento, já foram identificadas rachaduras em ruas e edificações. Ainda em junho de 2018, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) iniciou a investigação do caso.

Mina sem fiscalização

Em relatório de situação apresentado pela Braskem à Agência Nacional de Mineração (ANM), a empresa afirmou que já não conseguia examinar a Mina 18 com sonares desde antes do dia 23 de novembro — uma semana depois desta data, no dia 29, a mineradora passou a emitir alertas às autoridades sobre risco de “deslocamento abrupto” do solo.

No documento, a Braskem disse ter conseguido acessar a mina com sonar pela última vez no dia 4 de novembro, mas obteve acesso a apenas parte da cavidade. Com a intensificação de atividade sísmica na área, dois dias depois, a empresa suspendeu temporariamente o monitoramento com sonar. Ao tentar retomá-lo, “as equipes voltaram a campo, ocasião em que já não foi possível acessar a cavidade 18 através dos seus três poços para realização do exame de sonar”.

O uso de sonares permitia à Braskem mensurar o volume total de cada uma das 35 minas de sal-gema que explorava em Maceió, além de acompanhar eventuais impactos de movimentação do solo. Com a impossibilidade de mapear a Mina 18 por dentro, a empresa passou a se basear em monitoramento por satélite e em sensores externos — especialmente um aparelho às margens da Mina 20, para medir a movimentação do solo e o ritmo de afundamento.

Extração irregular de areia

Para fechar minas, a Braskem utilizou areia para preencher os poços e conter o afundamento. Relatórios da Agência Nacional de Mineração (ANM) apontam que a mineradora levou quase dois anos para definir o fechamento da Mina 18 com o método usado em outros oito poços. A agência acompanhou desde 2020 o planejamento da mineradora para fechar as 35 cavidades que operavam às margens da Lagoa de Mundaú.

Em fevereiro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para apurar indícios de extração irregular de areia por parte de duas empresas apontadas como fornecedores da Braskem: a Blocompacto e a Mandacaru Extração. No mês seguinte, uma operação do MPF junto à Polícia Federal e à ANM interditou os terrenos das duas empresas e suspendeu a extração.

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