Rodrigo Amorim, Marcelo Crivella, Glória Heloíza Lima da Silva e Otoni de Paula Foto Editoria de arte

Rupturas do PSL e de Bolsonaro com Witzel fragmentam campo conservador em eleição no Rio

Ao menos quatro nomes à direita do espectro político se colocam como pré-candidatos à prefeitura da cidade

A saída do presidente Jair Bolsonaro do PSL e seu distanciamento do governador Wilson Witzel fragmentaram o campo conservador na disputa pela prefeitura do Rio neste ano. Como consequência, ao menos quatro nomes à direita do espectro político se colocam como pré-candidatos, em situação diferente dos últimos anos, quando o congestionamento de postulantes a prefeito foi uma característica da esquerda carioca nas eleições. Em 2016, por exemplo, foram cinco candidaturas de partidos de esquerda contra apenas uma de direita.

Antes enfraquecido por enfrentar resistência de nomes como o do vereador Carlos Bolsonaro (PSC), o deputado estadual Rodrigo Amorim voltou a figurar como principal aposta do PSL para o pleito municipal após a saída de Bolsonaro do partido. O governador Wilson Witzel, por sua vez, garante que o PSC, partido ao qual é filiado, terá uma candidatura própria. E avalia o nome da juíza Glória Heloíza Lima da Silva.

Já o deputado federal Otoni de Paula, que anunciou sua saída do PSC fazendo duras críticas a Witzel, diz ter recebido, na última terça-feira, o apoio de Bolsonaro para o pleito municipal. O apoio do presidente também é cobiçado pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que busca a reeleição.

— Realmente temos conversado com o Otoni. Ele tem um perfil religioso que o Bolsonaro gostaria para a prefeitura e tem se aproximado muito do meu pai, das nossas pautas. Também temos uma relação cordial com o prefeito Crivella, mas seu governo está muito mal avaliado — disse o senador Flávio Bolsonaro (sem partido). — Primeiro, precisamos criar o Aliança, saber a data em que conseguiremos fundar o partido, para, depois, bater o martelo sobre eleições, podendo até mesmo ficar neutro. O fato é que não apoiaremos o PSL — completou, afirmando que, por conta das atribuições em Brasília, sugeriu o nome do deputado federal Hélio Negão (PSL-RJ) para presidir o futuro partido Aliança pelo Brasil no estado.

Witzel sem plano B

Eleito pelo PSC, mesmo partido de Witzel, Otoni de Paula tem usado suas redes sociais com duas finalidades: criticar o governador e defender a gestão Bolsonaro. Ele recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para trocar de partido sem perder o mandato.

— Se o TSE não autorizar, vou trocar de partido mesmo correndo o risco de, se não me eleger prefeito, ficar sem mandato. É um sacrifício. Me encontrei com o Bolsonaro na semana passada, e ele disse que vai apoiar o meu nome na eleição — disse Otoni.

Procurado, Bolsonaro não comentou sobre o eventual apoio eleitoral a Otoni.

Já o governador Wilson Witzel planeja lançar o nome de Glória Heloíza, que atuou na 2ª Vara da Infância Juventude e Idoso e atualmente ocupa o posto de desembargadora eleitoral.

— Witzel tem se mostrado muito empolgado com o nome dela. Ela também parece estar empolgada para se candidatar. No momento, o governador não tem um plano B — disse um integrante do núcleo do governador, ressaltando que Heloíza precisaria largar a magistratura para concorrer.

O diretório nacional do PSC já determinou que terá candidato no Rio, cidade estratégica para uma eventual candidatura de Witzel à presidência em 2022.

Buscas por alianças

No PSL pós-Bolsonaro, Rodrigo Amorim voltou a ser o principal nome do partido para a eleição municipal. No ano passado, antes de romper com o partido, Bolsonaro chegou a sugerir a candidatura de Hélio Negão no Rio.

— Com a nova roupagem do PSL, o Amorim se consolida como candidato no Rio. Planejamos traçar candidaturas em 20 municípios — diz o deputado federal Sargento Gurgel (PSL-RJ), que passou a presidir o partido no estado após a saída de Flávio Bolsonaro.

Amorim tentará obter o apoio de Witzel, mas a possibilidade é remota.

— Receber o apoio do governador seria natural pela afinidade ideológica — diz Amorim.

Crivella, por sua vez, aposta suas fichas no apoio de Bolsonaro, mas a má avaliação do prefeito é um empecilho para a aliança. Procurado, Crivella não quis comentar o cenário eleitoral.

— Trabalhamos por apoios concretos. Especulações não são produtivas — afirmou um aliado do prefeito.

Fonte: O Globo

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